ESPERA
***
As
minhas noites acordadas vão...
E a saudade no peito desperta,
No quarto escuro canta a solidão
Num peito inculto, de uma espera incerta.
...
Abro a porta de um peito deserto...
Destranco o medo, deixo a luz entrar,
E a demência que meu ser inventa
Faz -me rever a luz do seu olhar.
...
O dia vem, nasce uma esperança
A espargir-se em em minha ilusão,
Abro a janela de um mundo distante;
E me encontro com uma espera em vão.
...
E assim eu sigo num mundo sem rumo
Onde a esperança labuta, encontrar
Aquele moça que um dia se foi...
E com promessas prometeu voltar.
***
Ps. Joana é uma moça de família, lá pras bandas do
meu sertão. Quando mocinha, teve um namoro com Venceslau, um sujeito
andarilho; daquele tipo que não faz parada longa em cidade alguma;
Pois bem, Venceslau namorou Joana por oito meses, sempre
prometendo-lhe um casamento digno
de uma moça donzela. Só que um belo dia o Andarilho
meteu os pés no mundo sem deixar noticias pra aquela moça, que até
hoje ao longo doas seus cinquenta e um ano, espera incessantemente á
volta daquele que um dia lhe prometeu amor eterno . Ouvi todo seu
relato e me veio esta inspiração.
E que inspiração!... O poema está lindo, construção perfeita. Às vezes passamos a vida - ou boa parte dela - esperando reencontrar alguém. E mesmo sabendo que a espera pode ser vã, não podemos deixar de esperar, pois a vida não faria sentido se não fosse a espera.
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