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Ao dobre do sino, Ave-Maria...
Carpiam Dasdores e Luzias, velando
O horizonte caído, sugando aos pés
Da cruz Mormaços das serranias.
Ao dobre do sino, Ave-Maria...
Em noites tardias, ouvia- se o
Choro inane dos Zacarias, dos
Tomés e azarias; senhores da fome.
Ao dobre do sino, Ave -Maria...
Via -se ao longe a boca escancarada
e fétida da fome, clamando
socorro aos senhoris da chibata.
Ao dobre do sino, Ave-Maria...
Ouvia-se os tamborins em alto-brado,
Onde senhoris ditavam ordens a
Farrapos enclausurados.
Ao dobre do sino, Ave-Maria...
Ainda ouve-se em Nossos dias, vozes secas
Que serpenteiam as moradias, onde fantasmagorias
Delatam a insensatez do Homem.
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PS. inspirada na seca de 1931, que ocorreu nos sertões Nordestino,
Onde morreram centenas de pessoas de fome, por cólera, e por maus- tratos em
um CAMPO DE CONCENTRAÇÃO, na cidade de Senador Pompeu-CE.
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